Racional ou emocional? Veja o que pesa na hora de decidir o voto

Como votamos

Na hora de decidir em quem votar, cada eleitor usa um conjunto complexo de critérios. Eles passam pela identificação com o candidato e com suas propostas, pelo que é exibido na televisão, assim como também podem ter um fundo emocional. Conversas com amigos e parentes e as redes sociais interferem. Por isso, o “pulo do gato” em qualquer campanha política é perceber como essa decisão é tomada.

Para entender melhor como funciona a cabeça do eleitor neste momento de escolha e como os políticos tiram proveito disso, conversamos com pesquisadores do assunto.

Na avaliação do cientista político Vitor Marchetti, professor de políticas públicas na UFABC (Universidade Federal do ABC), o voto pode ser racional ou afetivo. O eleitor pode se basear nos dois modos para escolher, mas, por vezes, se deixa levar mais por um do que por outro.

“O que é determinante para o voto racional são as associações em que os indivíduos se reúnem — igrejas, associações desportivas, de bairro, ONGs, associações políticas –, porque elas juntam os indivíduos em torno de determinados temas, de determinados problemas, e há candidatos que acabam representando esses grupos”, diz Marchetti. “Já o crivo afetivo da avaliação é muito difícil de mensurar.”

Ele cita como exemplo o deputado federal Tiririca (PR-SP), eleito em 2010 com o maior número de votos no Brasil: 1,3 milhão. Em 2014, com pouco mais de 1 milhão de votos, foi o segundo mais votado de São Paulo.

O cientista político Alberto Carlos Almeida, autor do livro “O voto do brasileiro”, também considera que os fatores que determinam a escolha do candidato estão interligados, mas eles podem ser separados em itens para serem compreendidos.

A gente especula muito a questão do voto de protesto, da ausência de representação, mas não sei se isso esgota completamente o entendimento do que é esse voto. Pode ser simplesmente porque tem ali alguém que consegue se comunicar de forma mais direta com uma população menos escolarizada, que tem um linguajar que é compreensível para uma parte do eleitor.

“O eleitor para presidente valoriza muito o tema da economia, do bem-estar. Escolhe quem vai melhorar sua vida no curto prazo”, afirma Almeida. “Para governador, é a agenda do governo estadual que pesa: segurança pública, educação e outras coisas.”

No caminho do voto, ele aponta, o eleitor passa pela identificação com o que o candidato simboliza para ele; pela sua própria ideologia e visão de mundo; e por sua posição na pirâmide social.

A maneira como o eleitor foi socializado desde a infância pode interferir na maneira como ele aceita candidatos e partidos na vida adulta. O cientista político compara, por exemplo, indivíduos pobres criados em regiões metropolitanas de capitais nordestinas a indivíduos mais ricos que cresceram em cidades como São Paulo.

“Na história recente do país, alguma pessoa pobre que resida na região metropolitana de uma capital nordestina aprendeu com os pais que o PSDB não defende os pobres e que o PT defende os pobres. Um garoto que tinha 12 anos de idade, 12 anos atrás, foi socializado assim. Se você mora em São Paulo, tem filhos na escola em que muita gente é contra o PT e diz que o PT só tem ladrões, que roubaram o país, [esses filhos] são treinados e vivem nesse ambiente social.”

Alberto Carlos Almeida, cientista político Ainda que nem todo mundo se interesse por política, o eleitor acaba procurando algum tipo de orientação, diz a professora de ciência política Rachel Meneguello, do Centro de Estudos de Opinião Pública da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas). Entre os meios de comunicação, “a televisão continua sendo o meio mais poderoso de busca de informação sobre os candidatos”.

Meneguello avalia que os debates na TV entre candidatos são os que mais recebem atenção. “Esse é um dado que as pesquisas mostram há anos, os debates eleitorais atraem os eleitores e podem orientar suas tendências”, diz.

Definição em cima da hora

A pesquisa Datafolha sobre a corrida presidencial divulgada em 20 de setembro apontou que o candidato na primeira posição contava com 28% dos votos dos entrevistados.

Se considerada a intenção de voto espontânea, quando os nomes dos candidatos não são apresentados aos entrevistados, 30% afirmaram que não sabiam em quem iam votar.

Para o cientista político Vitor Marchetti, isso mostra claramente que o voto será decidido em cima da hora. Ele imagina que o eleitor ainda indeciso vá decidir em quem votar nas vésperas da eleição.

“Já se cristalizou um pouco a ideia de que o eleitor tem jogado para cada vez mais longe a decisão do seu voto, exatamente porque ele consegue ver a movimentação [dos candidatos]. A lógica do voto útil é porque o eleitor tem olhado para essa movimentação e, às vezes, ele abre mão de uma preferência no primeiro turno porque já antecipa uma estratégia que ele está olhando em relação ao segundo turno”, afirma Marchetti.

Embora os candidatos se esforcem para conseguir tempo para o horário gratuito de propaganda eleitoral, esse tempo importa, mas menos do que se imagina, afirma a professora Meneguello.

“Se fôssemos fazer uma lista dos principais meios de comunicação que orientam a decisão do voto, cinco meios se destacam, nessa ordem:

  1. Os debates entre candidatos na TV;
  2. As conversas com a família e amigos;
  3. As notícias sobre os candidatos na TV;
  4. As informações veiculadas nas redes sociais;
  5. A propaganda política”, observa.

“Dados da eleição passada, de 2014, mostram que, para quase 36% do eleitorado, os debates foram o principal meio de informação para a decisão do voto e, em segundo lugar, foram as notícias sobre os candidatos veiculadas na televisão”, diz.

“As propagandas eleitorais na televisão são menos assertivas em relação às propostas dos candidatos e mais focadas a tentar pegar alguma coisa que impacte o imaginário das pessoas. Não é à toa que os marqueteiros surfam bastante nessa ideia”, aponta Marchetti.

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Fonte: https://noticias.bol.uol.com.br/ultimas-noticias/eleicoes/2018/09/29/como-decidir-em-quem-votar.htm

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Sobre o Autor

Prof. Sergio Enrique Faria

Dr. Sergio Enrique Faria é diretor do Estúdio da Mente. Neurocientista, Membro da Sociedade Brasileira de Neurociência e Comportamento e do Grupo de Estudos de Hipnose da UNIFESP. Doutor em Ciências da Educação, Mestre em Comunicação, Psicanalista, Parapsicólogo, Hipnoterapeuta e Neuroeducador com especializações em Neurociência Clínica e Educacional, Neuropsicologia, Neuropsicopedagogia, Psicanálise Clínica, Didática e Metodologia do Estudo. Trainer e Master Practitioner com formações internacionais em Hipnose e em PNL – Programação Neurolinguística. Líder de Aprendizagem certificado pela Harvard University (EUA). Professor de Hipnose e PNL. Palestrante e Professor em cursos de MBA e Pós-graduação em grandes universidades. Autor e coautor de livros e mais de 150 artigos em jornais e revistas.

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