Paper – O que é e como fazer
Por: Prof. Sergio Enrique Faria
Precisa produzir um paper? O mestre em Comunicação e especialista em Didática e Metodologia do Ensino, prof. Sergio Enrique Faria, ensina como fazer!
Resumo
Muitas pessoas ainda apresentam dúvidas sobre como fazer um paper ou artigo científico. O presente artigo se propõe a esclarecer o que é um paper e qual o seu propósito. Explica também como este deve ser elaborado, apresentado e como é avaliado.
Palavras-chave: Paper; Paper-position; como fazer; elaboração
- O que é paper
O paper, position paper ou posicionamento pessoal é um pequeno artigo científico a respeito de um tema pré-determinado. Sua elaboração consiste na discussão e divulgação de idéias, fatos, situações, métodos, técnicas, processos ou resultados de pesquisas científicas (bibliográfica, documental, experimental ou de campo), relacionadas a assuntos pertinentes a uma área de estudo.
Na elaboração de um paper, o autor irá desenvolver análises e argumentações, com objetividade e clareza, podendo considerar, também, opiniões de especialistas. Por sua reduzida dimensão e conteúdo, o paper difere de trabalhos científicos, como monografias, dissertações ou teses.
O paper deve ser redigido com estrita observância das regras da norma culta, objetividade, precisão e coerência. Devem ser evitadas as gírias, expressões coloquiais e que contenham juízos de valor ou adjetivos desnecessários. Também é preciso evitar explicações repetitivas ou supérfluas, ao mesmo tempo em que se deve cuidar para que o texto não seja compacto em demasia, o que pode prejudicar a sua compreensão. A definição do título do artigo deve corresponder, de forma adequada, ao conteúdo desenvolvido.
2- Propósitos do paper
De um modo geral, o paper é produzido para divulgar resultados de pesquisas científicas. Entretanto, esse tipo de trabalho também pode ser elaborado com os seguintes propósitos:
– Discutir aspectos de assuntos ainda pouco estudados ou não estudados (inovadores);
– Aprofundar discussões sobre assuntos já estudados e que pressupõem o alcance de novos resultados;
– Estudar temáticas clássicas sob enfoques contemporâneos;
– Aprofundar ou dar continuidade à análise dos resultados de pesquisas, a partir de novos enfoques ou perspectivas;
– Resgatar ou refutar resultados controversos ou que caracterizaram erros em processos de pesquisa, buscando a resolução satisfatória ou a explicação à controvérsia gerada.
Além desses objetivos, o paper pode abordar conceitos, idéias, teorias ou mesmo hipóteses de forma a discutí-los ou pormenorizar aspectos.
Ao produzir o artigo, o aluno inicia uma aproximação aos conceitos e à linguagem científica que necessitará desenvolver no momento da elaboração do trabalho de conclusão de curso.
A elaboração de artigos estimula, ainda, a análise e a crítica de conteúdos teóricos e de idéias de diferentes autores, contribuindo para que o aluno aprenda a sintetizar conceitos, fazer comparações, formular críticas sobre um determinado tema à luz de pressupostos teóricos ou de evidências empíricas já sistematizadas.
3- Elaboração do paper
Para que o conteúdo do paper seja bem trabalhado e fundamentado sugere-se que o mesmo tenha entre 10 e 15 páginas. Como o paper deve ser sempre fundamentado cientificamente, deve-se utilizar no mínimo 3 autores na pesquisa.
Antes de começar a escrever o artigo, é preciso que o autor primeiro reúna as informações e conhecimentos necessários por meio de livros, revistas, artigos e outros documentos de valor científico. Em seguida, deve-se organizar um esqueleto ou roteiro básico das idéias, iniciando com a apresentação geral do assunto e dos propósitos do artigo, seguidos da indicação das partes principais do tema e suas subdivisões e, por fim, destacando os aspectos a serem enfatizados no trabalho.
A elaboração deste plano é útil, em primeiro lugar, para sistematizar a comunicação a ser feita, evitando que o autor se perca durante a elaboração. Por outro lado, também auxilia como recurso pedagógico para reflexão e organização lógica das idéias a serem abordadas;
Em termos de procedimentos para a escrita de um artigo científico, é necessário observar os propósitos do trabalho a ser elaborado. Todavia, independente de ter propósitos distintos, o artigo científico deve apresentar a estrutura básica que caracteriza todos os tipos de trabalhos científicos ou acadêmicos: Introdução, Desenvolvimento e Considerações finais.
Introdução
É o primeiro contato do leitor com a obra. Deve-se, nela, fazer o leitor entender com clareza o contexto da pesquisa, de forma didática. A introdução do paper tem, geralmente, uma ou duas páginas e deve abordar os seguintes elementos:
– Assunto/tema do artigo e seus objetivos;
– Justificativa do trabalho e sua importância teórica ou prática;
– Síntese da metodologia utilizada na pesquisa;
– Limitações quanto à extensão e profundidade do trabalho;
– Como o artigo está organizado.
Desenvolvimento (corpo do artigo)
O desenvolvimento é o elemento essencial da pesquisa, isto é, o seu coração, e no geral concentra de 80 a 90 por cento do total de páginas do relatório.
Nesta etapa o aluno deverá dividir o tema em discussão para uma maior clareza e compreensão por parte do leitor. É preciso evitar, porém, o excesso de subdivisões, cujos títulos devem ser curtos e adequados aos aspectos mais relevantes do conteúdo, motivando para a leitura. Vale ressaltar que as divisões, subdivisões e títulos do artigo não garantem a sua consistência ou importância. É preciso que as referidas partes e respectivas idéias estejam articuladas de forma lógica, conferindo ao conjunto a indispensável unidade e homogeneidade.
No desenvolvimento são apresentados os dados do estudo, incluindo a exposição e explicação das idéias e do material pesquisado, referencial teórico (apresentação de conceitos sistematizados com base na literatura), discussão e análise das informações colhidas e avaliação dos resultados, confrontando-se os dados obtidos na pesquisa e o conteúdo abordado nos referenciais teóricos.
Considerações finais
As considerações finais apresentam as informações que vão finalizar o trabalho buscando-se integrar todas as partes discutidas. É a dedução lógica do estudo, na qual destacam-se os seus resultados, relacionando-os aos objetivos propostos na introdução. Podem ser incluídas as limitações do trabalho, sugestões ou recomendações para outras pesquisas, porém de forma breve e sintética.
Em termos formais, a conclusão é uma exposição factual sobre o que foi investigado, analisado, interpretado; é uma síntese comentada das idéias essenciais e dos principais resultados obtidos, explicitados com precisão e clareza. Assim, a leitura da conclusão deve permitir ao leitor o entendimento de todo o trabalho desenvolvido, das particularidades da empresa aos resultados esperados na implantação do projeto proposto.
4– Quanto à forma de apresentação
O paper é apresentado, usualmente, seguindo-se as normas prescritas para apresentação de trabalhos acadêmicos, ressalvando-se os trabalhos preparados para eventos ou com fins de publicação em periódicos científicos, que devem atender aos critérios e modelos estabelecidos por seus organizadores e/ou editores. Como trabalho acadêmico, especificamente, o paper deve estar orientado pelas normas constantes no manual da própria faculdade, as quais são certamente baseadas nas normas da ABNT. Na apresentação do paper, é preciso realmente observar as orientações prescritas nos manuais, pois, caso isso não aconteça, corre-se o risco de comprometer a aprovação do artigo.
5- Avaliação
O paper pode ser avaliado segundo inúmeros critérios, decorrentes dos objetivos propostos pelo professor. Normalmente, os artigos científicos são elaborados por alunos que se encontram em fase final do curso de graduação, muito embora nada impeça que o professor os solicite em etapas anteriores, adequando-o às possibilidades e recursos já desenvolvidos por seus alunos.
Para a avaliação de artigos científicos, então, podem ser descritos vários critérios, tais como:
- a) Quanto ao conteúdo:
– Clareza na apresentação dos objetivos, justificativa e importância do artigo;
– Identificação dos limites do artigo (definição do foco do artigo e dos aspectos que não serão abordados);
– Clareza na especificação das unidades de análise (como por exemplo: indivíduo, organização, sociedade);
– Demonstração de conhecimento suficiente sobre o assunto;
– Referencial teórico claramente identificado, coerente e adequado aos propósitos do artigo;
– Ausência de dispersão ou de redundância das informações/conteúdos;
– Apresentação de suposições (hipóteses) sustentadas em teorias e crenças consideradas verdadeiras a partir do paradigma do qual se originam; as suposições devem ser claras e justificadas;
– Coerência entre as informações e no encadeamento do raciocínio lógico;
– Ausência de saltos de raciocínio na passagem de um parágrafo para outro, ou de um conceito para outro;
– Elaboração de análise e síntese diante de conceitos teóricos semelhantes e/ou divergentes;
– Uso adequado de exemplos complementares para clarificar o significado do texto;
– Demonstração de argumentos ou provas suficientes para apoiar as conclusões;
– Articulação entre sugestões ou recomendações e as discussões apresentadas no texto;
– Originalidade e inovação do assunto abordado;
– Postura ética no trato do tema e desenvolvimento da análise (imparcialidade e equilíbrio).
- b) Quanto à forma:
– Atendimento aos objetivos propostos;
– Objetividade, precisão e coerência na escrita do texto;
– Uso fiel das fontes mencionadas no artigo, com a correta relação com os fatos
analisados;
– Uso/seleção de literatura pertinente à análise;
– Linguagem acessível;
– Unidade e articulação do texto (encadeamento lógico);
– Elementos de transição entre parágrafos adequados ao sentido e à lógica dos
conteúdos;
– Afirmativas unívocas, sem duplo sentido;
– Coerência e padronização dos termos técnicos;
– Observância das regras da norma culta;
– Uso correto de citações devidamente referenciadas;
– Adequação do título ao conteúdo; resumo claro e informativo;
– As normas técnicas de apresentação de trabalhos acadêmico-científicos determinadas são respeitadas?
O artigo pode ser rejeitado tanto pelo acúmulo de pequenas falhas em diversos critérios quanto pelo número excessivo de falhas em um mesmo critério.
Sergio Enrique é Diretor do Estúdio da Mente. teste.sandrabaruchi.com.br .
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