Os 10 distúrbios psiquiátricos mais controversos

Monstro de duas cabeças

O Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders – DSM) é um livro usado por profissionais da área psiquiatria que lista diferentes categorias de transtornos mentais e os critérios para diagnosticá-los, de acordo com a Associação Americana de Psiquiatria (APA). Contudo, muito do que aparece lá é envolvido em muitas controvérsias. Pesquisadores da área pedem uma revisão do manual. A seguir, serão listadas 10 desordens que fazem parte da discussão sobre se estas são ou não doenças e se seu diagnóstico e tratamentos estão corretos.

10. Transtorno da identidade de sexo (TIG), ou transsexualidade

De acordo com o DSM, são pessoas que acreditam que seu sexo físico não corresponde ao seu verdadeiro gênero. Alguns cientistas querem mudar o nome do diagnóstico para “incongruência de sexo”, o que soaria menos preconceituoso.

Mas, para a psicóloga Diane Ehrensaft, de Oakland, especialista em identidade de gênero em crianças “definir (a desordem) como ‘incongruência de gênero’ no DSM ainda faz com que crianças sejam levadas para serem ‘tratadas’, quando ela na verdade não tem nenhum problema”. Aí está a maior controvérsia sobre o TIG: as crianças que sentem não pertencer ao gênero no qual nasceram deveriam poder se definir sozinhas ou serem estimuladas a se identificar com a sua natureza?

Aqueles que optam pela segunda opção argumentam que querem fazer a criança se sentir bem “em sua própria pele”. Os que defendem a liberdade de escolha, como a pesquisadora, dizem que forçar alguém a viver de uma maneira que não aceitam, pode causar ansiedade e depressão.

O DSM-5 deixou de usar o termo transtorno de identidade de gênero e transgênero por não ser o termo médico correto, e assim usar o termo correto, disforia de gênero. No entanto, a transgeneridade é considerada um transtorno de identidade de gênero pela Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados com a Saúde (CID 10), e, no Brasil, é essa classificação que garante às pessoas transgénero o direito à terapia hormonal, psicoterapia e à cirurgia de redesignação sexual.

9. Vício em sexo 

A Sociedade Americana para o Avanço da Saúde Sexual define o vício em sexo como uma dificuldade de uma pessoa controlar o seu comportamento sexual. Eles vão em busca dos seus desejos sem pensar se aquilo pode prejudicá-los, sem refletir sobre as consequências. Eles acabam perdendo o limite e ficam obcecados por sexo, mesmo quando não querem mais, ficam só “pensando naquilo”. De acordo com o depoimento de pessoas que se dizem viciadas, elas acabam não sentindo prazer no sexo, sentem apenas vergonha.
Esta desordem pode não entrar na nova versão do DSM como vício, mas sim, chamada de “desordem hipersexual”.

8. Homossexualidade

Ponto alto de controvérsias não só na área médica. A homossexualidade causa polêmica com religiosos, com grupos extremistas e, com os próprios homossexuais, que lutaram para que o preconceito contra eles se tornasse um crime como o racismo.

Em 1973, a Associação Americana de Psiquiatria retirou a homossexualidade da sua lista de distúrbios mentais depois de muitos protestos de ativistas gays e lésbicas. A atração entre pessoas do mesmo sexo passou, então, a ser vista de maneira mais natural pela comunidade científica e pela sociedade.

Até a versão de 1980 do DSM, havia um tipo chamado “homossexualidade egodistônica” que acontecia quando a pessoa tinha atração pelo sexo oposto, se sentia mal por isso e buscava tratamento. “A revisão da nomenclatura faz com que o homossexual seja considerado livre de distúrbios psiquiátricos e possibilita um meio de diagnosticar uma desordem cuja característica central é o conflito sobre o comportamento homossexual”, explicou o membro da APA, Robert Spitzer, em uma declaração em 1973.

Desde 1986 a categoria egodistônica desapareceu do DSM, pois muitos psiquiatras argumentam que a ansiedade sobre a orientação sexual pode ser encaixada em outras categorias.

7. Síndrome de Asperger

A síndrome de Asperge entrou para o DSM em 1994, mas pode estar fora da sua próxima versão, prevista a ser lançada em 2013. Indivíduos com inteligência normal, capacidade de comunicação, mas com baixíssimo relacionamento social eram diagnosticados com a síndrome.

Esta categoria pode sumir porque os pesquisadores não conseguem diferenciar os diagnósticos de Asperger dos de autismo. As similaridades são muitas. Se a mudança for realizada, as pessoas com a síndrome passarão a ser classificadas como sofrendo de autismo de alto funcionamento.

6. Bipolaridade infantil

O problema da bipolaridade infantil é justamente a palavra “infantil”. Este é considerado um distúrbio adulto que faz o indivíduo variar entre estágios de depressão e excitação extremos. Contudo, entre os anos de 1994 e 2003, o número de crianças associadas a bipolaridade aumentou 40 vezes de acordo com um estudo publicado em 2007 no periódico Archives of General Psychiatry.

A solução encontrada pela APA foi mudar os critérios atuais da bipolaridade e adicionar um novo diagnóstico: “temperamento desregulado com disforia”. Ele seria definido para crianças com irritabilidade persistente e mudanças de humor freqüentes. Para alguns psiquiatras, esta nova categoria serviria apenas para transformar em doença um comportamento comum das crianças.

5. Transtorno de déficit de atenção/hiperatividade em adultos (TDAH)

Este caso é o inverso do anterior. O TDAH é considerado, principalmente, um distúrbio infantil. As crianças com esta desordem psiquiátrica não conseguem ficar paradas ou manter o foco em uma atividade por muito tempo. Este transtorno é tão controverso, em crianças e em adultos, que existem até teorias da conspiração. Alguns psiquiatras acham que a classificação desta doença serve apenas para a indústria farmacêutica vender remédio para combatê-la. O psiquiatra da Universidade de Nova Iorque, Norman Sussman, concorda com a desconfiança, mas acredita que o distúrbio não será desconsiderado: “Os benefícios do tratamento farmacológico e terapêutico já estão bem estabelecidos”.

4. Transtorno dissociativo de identidade (TDI)

Um distúrbio de múltiplas personalidades. Seus críticos dizem que o TDI é artificial, inventado, e propagado por terapeutas que tentam convencer seus pacientes que seus problemas são causados por múltiplas personalidades. Polêmicas à parte, o transtorno continuará constando no DSM.

3. Transtorno de personalidade narcisista

Na mitologia, Narciso foi um mortal, filho de um deus e uma ninfa, dono de uma beleza sem igual. Por causa disso, ele tinha um ego enorme e achava que nenhum outro mortal era merecedor de compartilhar sua beleza. Morreu sozinho, admirando sua imagem em uma fonte.

Assim seriam as pessoas que sofrem do transtorno de personalidade narcisista, vivem por elogios e desprezam o próximo. A controversa sobre sua entrada no DSM aconteceu porque ninguém sabia bem como classificar alguém com este transtorno. Até 50% das pessoas diagnosticadas também pareciam sofrer de outros transtornos de personalidade como o Histriônico ou o Borderline.

A APA decidiu propor mudanças na próxima edição do DSM para os transtornos de personalidade. O novo documento iria deixar os transtornos menos específicos e colocar as características em um sistema de tipos e traços disfuncionais.

2. Inveja do pênis

A inveja do pênis é uma teoria Freudiana que diz, em resumo, que o desenvolvimento sexual das garotas é movido pela inveja dos garotos por elas não terem um pênis. Há muitas outras questões por trás da inveja do pênis, mas só um especialista pode se atrever a discuti-las. Alguns psicanalistas, hoje em dia, consideram datadas as teorias de Freud.

A APA, no entanto, ainda promovem a psicanálise freundiana. A Sociedade Internacional de Neuropsicanálise foi além e tenta juntar as últimas novidades na neurociência às teorias do pai da psicanálise.

1. Histeria

Os sintomas de histeria nas mulheres era considerados variados e vagos: descontentamento, fraqueza, emoções descontroladas e nervosismo. De acordo com um artigo publicado no editorial do periódico Spinal Cord, em 2002, o diagnóstico de histeria foi diminuindo gradualmente ao longo do século 20. Nos anos 1980 ele foi substituído no DSM por outros distúrbios.

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Fonte: http://hypescience.com/os-10-disturbios-psiquiatricos-mais-controversos/

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Sobre o Autor

Prof. Sergio Enrique Faria

Dr. Sergio Enrique Faria é diretor do Estúdio da Mente. Neurocientista, Membro da Sociedade Brasileira de Neurociência e Comportamento e do Grupo de Estudos de Hipnose da UNIFESP. Doutor em Ciências da Educação, Mestre em Comunicação, Psicanalista, Parapsicólogo, Hipnoterapeuta e Neuroeducador com especializações em Neurociência Clínica e Educacional, Neuropsicologia, Neuropsicopedagogia, Psicanálise Clínica, Didática e Metodologia do Estudo. Trainer e Master Practitioner com formações internacionais em Hipnose e em PNL – Programação Neurolinguística. Líder de Aprendizagem certificado pela Harvard University (EUA). Professor de Hipnose e PNL. Palestrante e Professor em cursos de MBA e Pós-graduação em grandes universidades. Autor e coautor de livros e mais de 150 artigos em jornais e revistas.

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