A antropóloga Helen Fisher ressalta que a infidelidade é um comportamento comum entre nós. Além disso, na maioria das vezes, podemos cometer essa traição ainda que estejamos totalmente apaixonados pelo nosso parceiro. E isso ocorre porque amor e atração são duas realidades diferentes e, às vezes, o desejo pode nos fazer violar o compromisso construído com alguém.
Isso não nos torna melhores ou piores, mas sim humanos, de acordo com Fisher. Afinal, nos relacionamentos, afeto, paixão e desejo são dimensões complexas e muito difíceis de entender. Tanto assim que até mesmo Oscar Wilde chegou a dizer que o maior mistério da existência não é a morte, mas sim o amor.
De acordo com a abordagem evolutiva e biológica, os relacionamentos também são movidos por um impulso sexual. Este último nem sempre atende ao valorizado princípio da exclusividade. Podemos sentir atração sexual por várias pessoas ao mesmo tempo, e isso complica tudo. No entanto, existem muitas outras razões pelas quais traímos as pessoas que amamos.
O Encanto da Novidade e a Busca por Dopamina
O amor romântico está profundamente ligado ao sistema de recompensa do cérebro, que libera dopamina — o neurotransmissor responsável pela sensação de prazer e motivação. No início de um relacionamento, esse sistema está a todo vapor, inundando o cérebro com dopamina e criando aquela sensação de euforia e atração. Cada olhar, toque ou conversa parece mágico, reforçando o desejo de estar com aquela pessoa.
Mas, com o tempo, essa euforia diminui. Estudos com ressonância magnética mostram que o amor romântico evolui de uma fase de paixão intensa, movida por dopamina, para um estágio mais estável, baseado em hormônios como ocitocina e vasopressina, que fortalecem a confiança e o vínculo. Embora essa mudança seja natural e necessária para um relacionamento longo, algumas pessoas sentem falta daquela empolgação inicial.
Para quem busca estímulos constantes, um caso extraconjugal pode parecer uma forma rápida de reviver aquele frio na barriga do novo amor. Isso não significa que queiram deixar o parceiro — muitas vezes, ainda se sentem profundamente próximos. Mas a tentação de uma experiência emocionante e cheia de riscos pode falar mais alto.
Testosterona
Há o desejo sexual, que é como uma “coceira neural intolerável”, para nos fazer sair em busca de uma variedade de parceiros para ajudar a passar nossos genes. Os homens – por produzir mais testosterona do que as mulheres – têm maior desejo sexual, o que por sua vez, os torna mais inclinado a trair a parceira.
Busca de algo “diferente”
“Mostre-me uma mulher bonita e eu lhe mostrarei um homem que está cansado de ter sexo com ela.” Os homens tem uma sede insaciável de tentar coisas novas e diferentes do habitual. A boa notícia é que o anseio pelo diferente não tem qualquer relação com o sentimento dele pela parceira. Ele pode amar a mulher, mas mesmo assim irá querer experiências novas.
O reforço da autoestima ou o prazer de sentir que ainda somos desejados
As pessoas se movem por instintos muito primários. Um deles tem a ver com o simples fato de saber que somos desejados. De fato, há muitos homens e mulheres que, ainda que tenham um parceiro estável que amam, precisam saber que são atraentes e desejáveis para outras pessoas. Assim, esta é uma forma de reforçar a sua autoestima.
A Crise de Identidade — “Ainda Sou Eu?”
Relacionamentos de longo prazo unem duas vidas: rotinas se misturam, identidades mudam e prioridades se alinham. Embora isso fortaleça o laço, também pode levar a uma crise de identidade, especialmente para quem associa autoestima à independência ou à aventura.
Com o tempo, alguns podem sentir que perderam contato com a pessoa que eram antes — aquela versão solteira, despreocupada e cheia de descobertas. Eles podem começar a se ver mais como “parceiros” do que como indivíduos, levando a uma sensação de mesmice.
Pesquisas sobre o modelo de expandir a si mesmo mostram que as pessoas buscam aumentar seu senso de identidade — seja por meio de relacionamentos profundos ou de experiências novas e desafiadoras.
Além desses, há outros diversos motivos, como tédio, solidão, a excitação que a situação desperta, a busca pela intensidade sexual, enfim, infinitas possibilidades. Contudo, as motivações para a infidelidade podem ser diferentes entre homens e mulheres.
Os homens quando traem suas parceiras, geralmente é apenas pela busca de sexo diferente e atenção, e não de um relacionamento afetivo. Tendem a não pensar muito na situação e a sair dela com mais facilidade… “é apenas sexo”. Sem falar que se arriscam mais e não tem medo de serem pegos.
Já as mulheres pensam mais a respeito e tendem a trair para preencher lacunas emocionais. Sendo assim, elas são muito mais propensas a se envolverem emocionalmente com o seu amante. Além de pensarem mais a respeito sobre trair ou não, as mulheres conseguem identificar o perigo de perderem seus parceiros se forem pegas.
Com isso podemos chegar à conclusão que as pessoas podem sim amar profundamente o seu parceiro a ainda assim, traí-lo.
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Fonte: https://www.uol.com.br/vivabem/noticias/redacao/2021/07/28/fobias-estranhas-que-voce-nao-sabia-que-existiam.htm