Nosso cérebro mente para nós: aprenda a mudar suas crenças limitantes

Entre tantos pensamentos que são criados, transformados ou até que ficam escondidos na nossa mente a todo o momento, você acredita que todos sejam um reflexo perfeito da realidade? Talvez seja hora rever seus conceitos e entender um pouco mais a fundo como a nossa mente consegue nos levar por caminhos irreais ou até nos deixar estagnados por causa de ideias distorcidas. A verdade é que não, nossa mente não é a melhor fonte de respostas para todo e qualquer assunto e explicamos o porquê.

Uma mente pré-histórica em tempos modernos

A construção do pensamento é socio-histórica e tem a ver com experiências vividas na infância, relações de poder, interações familiares, sonhos, sistema de crenças e valores etc. Isso sem falar na influência do processo evolutivo da nossa espécie. Durante a maior parte do tempo em que o ser humano viveu na Terra até hoje, nunca tivemos que lidar com dados ou informações em números exorbitantes, como equações gigantescas ou muitas tarefas, por exemplo, problemas mais comuns atualmente.

Agora, conforme passamos a lidar com questões mais complexas em nossa vida moderna, nosso cérebro começou a buscar atalhos para alcançar a solução, uma vez que ele não consegue processar tantas coisas ao mesmo tempo. Isso significa, de acordo o psicólogo André Rabelo, pesquisador de pós-doutorado da Universidade de Brasília, que podemos analisar situações de formas que não sejam totalmente racionais. “Temos um modo de pensar e processar informações que é enviesado, porque visa economizar energia e facilitar a tomada de decisão”, ele explica.

Somado a isso, existe também o chamado “viés da negatividade”. Todos nós temos maior propensão a valorizar informações negativas em detrimento de aspectos positivos. E isso vale para tudo, para a forma como a gente se enxerga, como vemos os outros, como interpretamos atitudes etc. Além desse aspecto mais geral, a maneira negativa como a gente se avalia é muito influenciada pela nossa cultura individualista, onde as pessoas extraem seus próprios valores de conquistas pessoais e de características individuais. Então existe uma certa pressão para que as pessoas sejam diferentes dos outros, que tenham destaque, alcancem bens e sejam bem-sucedidas.

“Porém, é difícil pensar nisso em uma sociedade desigual, onde uma minoria tem mais oportunidades do que a maioria. A realidade é muito mais dura. E isso influencia o fato de que muita gente se vê de forma negativa”, acrescenta Rabelo. Para completar a lista de fatores que confundem e muito a nossa cabeça, temos o perfeccionismo, um comportamento que tem aumentado demais nas últimas décadas. “A ideia prejudicial do perfeccionismo é que você nunca vai ficar satisfeito com quem realmente é, uma vez que esse é um conceito inefável, você nunca vai alcançar de fato. Temos como meta uma coisa que não é alcançável”, diz o psicólogo.

Crenças que nos paralisam

Nossas ideias sempre terão algum pé na realidade, ou seja, nossas crenças se baseiam em alguma evidência, mas a parte difícil é separar o joio do trigo. Algumas experiências, decepções, fracassos, situações que nos marcaram negativamente podem nos sensibilizar de tal forma, que guardamos uma crença a respeito daquele fato. “Se você teve um insucesso nos estudos, essa experiência, que poderia ser superada com apoio, por exemplo, acaba virando uma crença de que você é inapto e limitado”, explica o psiquiatra Fernando Fernandes, do Instituto de Psiquiatria do HC-FMUSP (Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo). E o desenvolvimento dessa crença, que pode ocorrer em qualquer âmbito das nossas vidas, dependendo da forma como manejamos essas situações, pode se enraizar em nossa mente.

Além disso, cada pessoa tem uma forma particular de interpretar evidências, que pode ser influenciada por inúmeros fatores. Portanto, é possível que algumas pessoas, diante de um indício de baixa qualidade e sem muito fundamento, concluam algo errôneo sobre diversas situações, desenvolvendo assim suas crenças não-saudáveis.

Um agravante para este comportamento é que, conforme o tempo passa, explica Rabelo, temos a tendência a nos agarrar cada vez mais cegamente às nossas crenças. Isso faz com que a gente filtre o que chega até nós e a nossa interpretação do mundo externo com base na proteção dessas crenças, ignorando o que suspeitamos ser incoerente com o que acreditamos. Então, se suas crenças são limitantes, é provável que sua mente esteja complicando a forma como você se vê e até podando suas potencialidades.

Por outro lado, nossa mente pode ser uma poderosa fonte de motivação, mas é como o clichê diz: tudo em excesso é prejudicial. Existem pessoas com crenças que as colocam em um nível extremamente positivo em relação a realidade, com altos traços de narcisismo por exemplo, o que pode ser igualmente prejudicial. Para você ter uma ideia, Rabelo explica que essas pessoas podem até ter dificuldades em desenvolverem relacionamentos duradouros e saudáveis por causa desses traços particulares.

Você está confiando demais em seus pensamentos

Todo mundo, em maior ou menor nível, se enxerga de forma um pouco distorcida, por todos os fatores que explicamos acima. O primeiro passo para perceber isso e fazer uma avaliação adequada de si mesmo e da realidade ao seu redor é desconfiar de que você pode estar enganado. Busque uma avaliação mais realista. “Precisamos tomar cuidado com o pensamento relativista. Há quem diga que não existe realidade, mas que existem apenas versões, opiniões. A verdade é que essa relativização excessiva pode levar a uma visão distorcida sobre tudo. A primeira dica é desconfiar que você pode estar errando. Buscar parâmetros em pessoas de sua confiança”, explica Fernandes.

Se alguém que você conhece e sabe que tem boas intenções, como um amigo ou um familiar, faz uma crítica a respeito de um posicionamento seu, uma ideia, uma percepção sua, é hora de fazer uma autoanálise. Em geral, de acordo com Rabelo, a gente tende a ficar chateado com essas situações, mas o caminho na verdade é estar mais aberto a essa opinião contrária, que pode ser útil para você repensar muitas coisas.

Uma outra forma de fazer isso é observar o seu próprio grau de sofrimento. “Se você consegue ter qualidade de vida, bem-estar, consegue trabalhar, estudar, namorar, ter amigos. Se você fica triste normalmente também, se fica alegre, então é sinal de que você está passando pelos problemas normais da vida e enfrentando como todo mundo, isso faz parte da evolução. Caso contrário, você precisa procurar ajuda para seu bem estar e qualidade de vida”, diz Juliana Graciani, docente do curso de Psicologia do Centro Universitário FMU.

Hora de criar novas crenças

Uma vez que você identificou uma crença sua que não condiz com a realidade e que está te prejudicando, é hora de tentar mudar isso. Uma forma, segundo Rabelo, é escrever o que você pensava e, agora que abriu sua mente sob uma nova perspectiva, como reinterpretou a questão. “Escrever essa mudança ajuda a reforçar a conclusão que você teve e assimilar essa nova crença que está desenvolvendo”, diz ele.

Outra forma é conversar com alguém sobre essa mudança de crença. Muitas das nossas crenças são desenvolvidas e modificadas por meio da socialização e conversar sobre a sua conclusão pode ajudar a elaborar melhor o resultado final dessa concepção, além de fortalecer a nova crença em nossa cabeça.

Já Graciani propõe um exercício de autoconhecimento. A ideia é encontrar respostas para os seguintes questionamentos:

  • Qual é o pensamento que me prejudica?
  • Como me sinto frente a ele?
  • Eu gosto desse pensamento ou quero mudá-lo?
  • Como posso mudar?
  • Em quanto tempo farei isso?

Existe ainda uma teoria na psicologia chamada “Perseverança da crença”, que mostra nossa tendência a manter uma crença mesmo diante de situações contraditórias. Então, quando você tem uma crença bem estabelecida, mesmo que apareça um argumento muito sólido que a derrube, você dificilmente vai mudar sua crença. Por isso, Rabelo afirma que é uma estratégia mais eficaz para reverter esse problema é, em vez de modificar a já existente, criar uma nova.

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Fonte: https://www.uol.com.br/vivabem/noticias/redacao/2020/02/11/nossa-mente-mente-para-nos-aprenda-a-mudar-suas-crencas-limitantes.htm?fbclid=IwAR3ScpRqbBHGfp0jxnBG7ly6l3dYtJojPRfwEszf4Xdl16d5f4wWmzvLneM

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Sobre o Autor

Prof. Sergio Enrique Faria

Dr. Sergio Enrique Faria é diretor do Estúdio da Mente. Neurocientista, Membro da Sociedade Brasileira de Neurociência e Comportamento e do Grupo de Estudos de Hipnose da UNIFESP. Doutor em Ciências da Educação, Mestre em Comunicação, Psicanalista, Parapsicólogo, Hipnoterapeuta e Neuroeducador com especializações em Neurociência Clínica e Educacional, Neuropsicologia, Neuropsicopedagogia, Psicanálise Clínica, Didática e Metodologia do Estudo. Trainer e Master Practitioner com formações internacionais em Hipnose e em PNL – Programação Neurolinguística. Líder de Aprendizagem certificado pela Harvard University (EUA). Professor de Hipnose e PNL. Palestrante e Professor em cursos de MBA e Pós-graduação em grandes universidades. Autor e coautor de livros e mais de 150 artigos em jornais e revistas.

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