Cérebro leva um 1/4 de segundo para avaliar se alguém é inseguro

Insegurança

Novo estudo mostra que, em menos de meio segundo, conseguimos determinar como a outra pessoa está se sentindo (e escolher se vamos ou não acreditar nela)

Em Star Wars, os jedis usam a Força para convencer qualquer pessoa a qualquer coisa.

Se você acha essa habilidade incrível, saiba que, para pesquisadores da Universidade de McGill, no Canadá, não há nada de fantasioso nisso: o truque jedi pode ser feito aqui mesmo, na nossa galáxia – basta colocar um pouco de confiança na voz.

Em um estudo recente, os cientistas perceberam que o cérebro reconhece, em menos de meio segundo, se o interlocutor está sendo confiante ou não – e, a partir daí, escolhe automaticamente acreditar ou não no que a outra pessoa diz.

A pesquisa teve duas etapas. Primeiro, atores gravaram – em inglês – uma mesma frase quatro vezes, com entonações diferentes que criavam quatro “níveis de confiança” em cada gravação: nível neutro, não confiante, quase confiante e confiante.

Depois disso, um grupo de 30 que tinha o inglês como língua materna ouviu as frases enquanto passava por um eletroencefalograma – processo que analisa a atividade cerebral a partir das correntes elétricas.

Ao observar os resultados, os pesquisadores perceberam que não demora nem meio segundo para dizer se uma pessoa está ou não sendo confiante: 0,2 segundo depois que qualquer uma das frases começava, todos os participantes tiveram um pico de atividade cerebral – é aí que, de acordo com a leitura dos cientistas, o cérebro julga o que está sendo dito como “confiante” ou “não confiante”.

Mas a seleção do cérebro não para por aí. Se a frase é julgada pelo cérebro como confiável, ela ainda passa por mais algumas seleções antes de ser entendida como verdade.

Os pesquisadores perceberam isso porque, nas gravações de nível confiante, outro pico aconteceu no momento 0,3 : o cérebro decide prestar mais atenção nas palavras que julgou “confiáveis”.

E aí, em 0,6 segundo, um último pico se manifestou, dessa vez para analisar com mais detalhes e decidir se a frase é quase confiante ou confiante de fato.

O interessante é que, quando a voz é julgada como pouco confiante no primeiro pico, a atividade cerebral passa a ser muito pequena, se comparada à que acontece enquanto a pessoa ouve frases de pessoas confiantes.

É que o cérebro simplesmente para de prestar tanta atenção nas afirmações inseguras. Na visão dos pesquisadores, foi por isso que a Rey demorou tanto para conseguir que o guarda libertasse, em O despertar da Força:

Rey: “Você vai me soltar e deixar a porta aberta” – só deu certo quando a voz saiu segura

A partir de toda essa análise, os cientistas conseguiram compreender qual a melhor voz para bancar o jedi: o menos aguda possível e com volume médio – suficientemente alta para ser compreendida sem que a outra pessoa precise se esforçar, mas baixa o suficiente para se assemelhar à voz do seu interlocutor.

A fala também deve rápida, mas não tão rápida que te faça tropeçar nas palavras, que devem sair fluidas e sem gaguejar.

Ah, e a respiração precisa estar tranquila, e não ofegante – porque ofegar só mostra que você está nervoso e, portanto, inseguro demais para manipular a mente das pessoas com a Força.

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Fonte: https://exame.abril.com.br/tecnologia/cerebro-leva-um-1-4-de-segundo-para-ver-se-alguem-e-inseguro/

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Sobre o Autor

Prof. Sergio Enrique Faria

Dr. Sergio Enrique Faria é diretor do Estúdio da Mente. Neurocientista, Membro da Sociedade Brasileira de Neurociência e Comportamento e do Grupo de Estudos de Hipnose da UNIFESP. Doutor em Ciências da Educação, Mestre em Comunicação, Psicanalista, Parapsicólogo, Hipnoterapeuta e Neuroeducador com especializações em Neurociência Clínica e Educacional, Neuropsicologia, Neuropsicopedagogia, Psicanálise Clínica, Didática e Metodologia do Estudo. Trainer e Master Practitioner com formações internacionais em Hipnose e em PNL – Programação Neurolinguística. Líder de Aprendizagem certificado pela Harvard University (EUA). Professor de Hipnose e PNL. Palestrante e Professor em cursos de MBA e Pós-graduação em grandes universidades. Autor e coautor de livros e mais de 150 artigos em jornais e revistas.

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