A psicologia do crime

Na psicologia do crime, está especificada a criminologia do desenvolvimento. Essa área aborda o estudo da evolução da delinquência.

Por que os fenômenos criminosos ocorrem? Como explicar o comportamento antissocial? Durante anos, a psicologia social buscou respostas para essas perguntas. É daí que nasceu a psicologia do crime.

Entre os principais âmbitos de interesse da psicologia do crime estão alguns aspectos como os comportamentos antissociais, as agressões e o estudo sobre a vinculação social e o crime. Como explicar um comportamento criminoso? Diversos aspectos estão envolvidos nessa resposta: emoções, recompensas, traços de personalidade, crenças e atitudes.

Assim, o objetivo principal da psicologia do crime tem sido, durante seu pouco tempo de existência, entender por que ocorrem os fenômenos criminais e os comportamentos que levam a eles. Como uma pessoa se torna criminosa? Segundo os pesquisadores Santiago Redondo e Antonio Andrés Pueyo, da Universidade de Barcelona, existem cinco propostas que explicam esse processo.

Por que o crime ocorre?

A pesquisa considera essas cinco propostas como explicações para o crime. São as seguintes (1):

  1. O crime é aprendido

O modelo dominante na explicação do crime foi formulado por Akers (2). Esse modelo considera que, na aprendizagem do comportamento criminoso, ocorre uma inter-relação entre quatro mecanismos:

  • A associação inferencial com pessoas que mostram hábitos criminosos.
  • A aquisição pelo indivíduo de definições favoráveis ao crime.
  • O reforço diferencial dos seus comportamentos criminosos.
  • A imitação de modelos pró-crime.
  1. Existem traços e características individuais que predispõem ao crime

Segundo a pesquisa biopsicológica, alguns fatores podem estar relacionados ao comportamento antissocial ou criminoso. Algumas dessas características seriam: presença de alguma lesão craniana, baixa ativação do Sistema Nervoso Autônomo ou uma baixa atividade do lobo frontal.

  1. Os crimes constituem reações a vivências individuais de estresse e tensão

Com o passar dos anos, a pesquisa da psicologia do crime se focou nas vivências de tensão como causa do comportamento criminoso. (3, 4) Muitos homicídios, agressões e feminicídios, assim como os roubos com intimidação, são perpetrados por indivíduos que experimentam fortes sentimentos de vingança, raiva, ansiedade ou desprezo pelos outros.

A teoria geral da tensão, por sua vez, aponta como ocorre a relação direta entre a presença de estresse em uma pessoa e o ato de cometer um crime.

Primeiro, parece que a pessoa pode ser afetada por várias fontes de tensão. Entre elas, destacam-se algumas como ser submetido a situações aversivas inevitáveis.

Como resultado desse tipo de tensão, podem ser geradas na pessoa emoções negativas que vão dar energia ao seu comportamento com o objetivo de corrigir a situação. Um exemplo dessas emoções pode ser a raiva.

O comportamento criminoso seria uma possível ação corretiva contra uma fonte de tensão que a pessoa esteja enfrentando.

Se a fonte for eliminada, a tensão é aliviada. É assim que se consolida o mecanismo de comportamento que a pessoa utiliza para aliviar a tensão.

  1. O envolvimento em atividades criminosas é o resultado da ruptura dos vínculos sociais

Travis Hirschi, sociólogo e criminologista norte-americano, estabeleceu que existem vários contextos sociais em que os jovens se unem à sociedade: a escola, a família, a amizade e outros, como o esporte. O grau de ligação da pessoa a esses contextos é determinado pelos seguintes mecanismos de vinculação: o apego, o comprometimento, a participação e as crenças.

Assim, Hirschi acredita que o surgimento do comportamento antissocial reside na ruptura dos mecanismos em um ou vários contextos sociais.

  1. O início e a manutenção da carreira criminosa estão relacionados com o desenvolvimento do indivíduo, especialmente na infância e na adolescência

Na psicologia do crime, encontra-se determinada a criminologia do desenvolvimento. Essa parte da psicologia do crime aborda o estudo da evolução da delinquência.

Como reconhecer a violência: psicologia do crime

Prevenção e tratamento na psicologia do crime

Diversos países contam com vários tipos de intervenções psicológicas para criminosos, principalmente nas prisões. Entre elas, encontram-se:

  • Intervenções com jovens internados.
  • Intervenções com agressores sexuais.
  • Intervenções com pessoas violentas.
  • Intervenções com criminosos de alto risco.
  • Intervenções destinadas à prevenção de suicídios.

Redondo ressalta que o grande problema enfrentado pela aplicação de tratamentos nas prisões é o grande número de pessoas encarceradas. Aparentemente, esse número aumenta diariamente. No entanto, não se deve a um aumento real do número de crimes. O aumento de pessoas encarceradas se deve, curiosamente, a um espetacular e sistemático endurecimento do sistema penal.

Dessa forma, parece que são vários os fatores que se unem para que o crime ocorra. O campo da psicologia do crime tentou explicar, prevenir e tratar o comportamento criminoso durante anos, com teorias férreas. No entanto, parece ser necessário continuar investigando, principalmente para melhorar a prevenção e o tratamento do chamado comportamento antissocial.

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Fonte: https://amenteemaravilhosa.com.br/psicologia-do-crime/

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Sobre o Autor

Prof. Sergio Enrique Faria

Dr. Sergio Enrique Faria é diretor do Estúdio da Mente. Neurocientista, Membro da Sociedade Brasileira de Neurociência e Comportamento e do Grupo de Estudos de Hipnose da UNIFESP. Doutor em Ciências da Educação, Mestre em Comunicação, Psicanalista, Parapsicólogo, Hipnoterapeuta e Neuroeducador com especializações em Neurociência Clínica e Educacional, Neuropsicologia, Neuropsicopedagogia, Psicanálise Clínica, Didática e Metodologia do Estudo. Trainer e Master Practitioner com formações internacionais em Hipnose e em PNL – Programação Neurolinguística. Líder de Aprendizagem certificado pela Harvard University (EUA). Professor de Hipnose e PNL. Palestrante e Professor em cursos de MBA e Pós-graduação em grandes universidades. Autor e coautor de livros e mais de 150 artigos em jornais e revistas.

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